domingo, 8 de setembro de 2013

Estatuto do Desarmamento completa 10 anos em meio a queda na arrecadação e ao aumento da violência

04/09/2013 21:12


A Campanha Nacional do Desarmamento completa em 2013 dez anos de sua criação. Apenas na última semana, o Ceará foi o estado que mais arrecadou, sendo 109 armas. Dados como este, no entanto, contrastam com a queda vertiginosa do número de arrecadações em todo o Brasil.
Até 13 de janeiro deste ano, 616.446 foram arrecadadas na Campanha Nacional do Desarmamento (Foto: Reuters)
Levantamento do Ministério da Justiça aponta que, de 2004 a 2012, aproximadamente 615 mil pessoas aderiram a campanha e se desfizeram de seus armamentos. No período correspondente até 2010, este numero já chegava a 550 mil, revelando perda de força do programa.
Se a média mensal de 30 mil armas entregues nos últimos dois anos for mantida, só terão sido arrecadadas, no próximo decênio, cerca de 300 mil, menos da metade do que já foi contabilizada até hoje.
Número de homicídios explicita problema
Para o sociólogo César Barreira, integrante do Laboratório de Estudo da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), estes números podem ser avaliados em dois prismas.
"Podemos apontar que os dados são positivos e a queda no índice de armas entregues é algo natural, uma vez que a tendência seria a diminuição até zero, mas está claro que não é isso que ocorre. A quantidade de homicídios por arma de fogo e de apreensões contrapõe este posicionamento, deixando evidente a quantidade de armamento em posse da população", avaliou.
Outro dado alarmante vem do "Mapa da Violência", estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais. O levantamento vincula o quadro de homicídios a uma suposta facilidade de acesso às armas no País. Segundo aponta a pesquisa, muitos dos crimes registrados estariam relacionados diretamente ao grande número de armas em circulação.
Apesar da Campanha Nacional do Desarmamento, as restrições e a redução no comércio de armas de fogo legais no Brasil ao longo dos últimos anos não foram capazes de reduzir a criminalidade, uma vez que o número aumentou neste mesmo período. Em 30 anos, as mortes por armas de fogo no País aumentaram 346%.
O pesquisador César Barreira crê ainda que a Campanha foi conduzida de maneira errada e não sensibilizou a população. "O encaminhamento não deveria ser este. Colocaram a questão de andar ou não armado em pauta, quando, na realidade, o que deveria ser debatido era o fato da necessidade da sociedade em abrir mão de ter uma arma em casa. Fica claro que a discussão vista por esse ângulo demonstrou, acima de tudo, a fragilidade da segurança pública do Brasil", concluiu

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